União Europeia se soma à disputa comercial contra Trump
Produtos americanos como o uísque bourbon, os jeans e o tabaco serão taxados pelo bloco europeu em represália a tarifas americanas sobre o aço
A União Europeia (UE) aumentou nesta quinta-feira
(21) suas tarifas sobre produtos americanos, como
o uísque bourbon, os jeans e o tabaco, em resposta
à disputa comercial aberta pelo presidente
americano, Donald Trump, contra seus parceiros
comerciais, entre eles México, Canadá e China.
“A decisão unilateral e injustificada dos Estados
Unidos de impor tarifas ao aço e ao alumínio da UE
não nos deixa outra opção”, argumentou a
comissária europeia de Comércio, Cecilia
Malmström, na quarta-feira, depois que Bruxelas
deu seu aval para a aplicação das tarifas.
Donald Trump decidiu não prolongar a isenção
temporária outorgada em março a UE, México e
Canadá, e impôs a esses países, no dia 1 de junho,
tarifas de 25% às exportações de aço a seu país e
de 10% às de alumínio, como já havia feito
anteriormente com a China por motivos de
“segurança nacional”.
A imposição de tarifas de 25% em média a uma lista
de produtos americanos, publicada na véspera pelo
Diário Oficial da UE, segue os passos do México,
que adotou medidas de represálias no começo de
junho, e se antecipa ao Canadá, que planeja fazer
o mesmo em julho.
Nesse contexto, crescem os temores de uma guerra
comercial mundial, em plena tensão entre Estados
Unidos e China, que já fez as bolsas europeias
fecharem em baixa nesta quinta-feira. Frankfurt
caiu 1,44%, afetada também pela cúpula da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo
(Opep).
Harley, manteiga de amendoim, uísque bourbon
As medidas “de reequilíbrio” da UE, comunicadas em
meados de março à Organização Mundial de Comércio
(OMC), entram finalmente em vigor e miram em
alguns casos para estados americanos,
essencialmente agrícolas, que votaram em Donald
Trump em 2016.
Além de alguns produtos de siderurgia, como
determinados tipos de aço laminado, a UE aumenta
suas tarifas alfandegárias sobre produtos
agrícolas, como milho e arroz; roupas e calçados;
veículos automotivos; e até mesmo maquiagens,
charutos, cigarros e bebidas alcoólicas.
“Se escolhemos produtos como Harley-Davidson,
manteiga de amendoim, (uísque) bourbon é porque
existem alternativas no mercado [europeu]”,
explicou nesta quinta-feira o vice-presidente da
Comissão, Jyrki Katainen, para quem esses produtos
têm “um forte alcance simbólico”.
Os europeus acompanham os mexicanos, que em 5 de
junho impuseram tarifas por um valor de quase 3
bilhões de dólares sobre produtos de aço e
alumínio americanos, e sobre carne de porco,
maçãs, queijos, cranberries, uvas e uísque.
A UE, que estima que as tarifas de Trump sobre o
aço e oalumínio europeus podem lhe trazer perdas
de 6,4 bilhões de euros, também levou o caso à OMC
e avalia impor medidas “de salva-guarda” para
proteger seu mercado frente às exportações
siderúrgicas de terceiros países.
O conflito comercial representa um novo revés para
as tradicionais relações transatlânticas, já
deterioradas pela decisão do presidente dos
Estados Unidos de sair do Acordo de Paris sobre o
clima e do acordo nuclear com o Irã, assim como
por suas críticas no passado à Otan e seus
aliados.
Essa tensão poderá ser acentuada caso Trump
aumente as tarifas sobre as exportações de
veículos estrangeiros – como alemães ou japoneses
-, uma ameaça que reiterou durante a última cúpula
do G7 no Canadá, que terminou com Washington
rejeitando a declaração conjunta.
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