China buscam novos compradores de aço na África e América do Sul
A China, maior produtora, consumidora e exportadora de aço do mundo, busca novos compradores após tarifas americanas sobre importações
Produtores de aço na China estão buscando novos
destinos de exportação na África e América do Sul
uma vez que os embarques para seus maiores
clientes internacionais no sudeste da Ásia caem a
taxas de dois dígitos, com novas ações comerciais
tomadas pelos Estados Unidos ameaçando excluir
alguns mercados totalmente.
A China, maior produtora, consumidora e
exportadora de aço do mundo, está ficando com
menos destinos para vendas externas. Na semana
passada, Washington impôs tarifa de 25 por cento
sobre grandes exportadores de aço para os Estados
Unidos –Canadá, México e União Europeia–, o que
disparou medidas retaliatórias.
As tarifas que os EUA passaram a cobrar de outros
países em março foram destinadas principalmente a
reduzir importações de aço da China, que
siderúrgicas norte-americanas acreditam que estão
sendo direcionadas ao país por meio de outras
nações.
No mês passado, o Departamento de Comércio dos EUA
criou pesadas tarifas de importação contra
produtos siderúrgicos do Vietnã que afirma se
originarem na China. A medida atingiu o segundo
maior destino de exportação da China depois da
Coreia do Sul.
“Está cada vez mais aparente que as oportunidades
de exportação para a China estão se tornando
limitadas”, disse Chris Jackson, analista da
consultoria britânica MEPS International.
Apesar das exportações chinesas de aço terem
atingido pico em oito meses em abril, os embarques
acumulados dos primeiros quatro meses do ano
caíram 20 por cento, recuando 2,5 por cento em
valor.
As exportações da China para os principais
mercados, incluindo Vietnã e Coreia do Sul, caíram
dois dígitos desde o ano passado, refletindo um
ambiente competitivo mais duro gerado por rivais
como a Rússia.
Tarifas antidumping criadas por compradores do
sudeste asiático como Tailândia, Vietnã, Indonésia
e Malásia sobre exportações de aço da China também
pressionaram as vendas externas da liga produzida
no país.
“O mercado do sudeste asiático está ficando
lotado. Mais e mais pessoas estão buscando novos
mercados, especialmente em países sul-americanos e
da África”, disse Steven Yue, diretor comercial na
Hebei Huayang Pipeline, uma exportadora de tubos
de aço na China.
“Planejamos trabalhar mais duro para
desenvolvermos mercados sul-americanos e africanos
a partir do segundo semestre deste ano”,
acrescentou.
A América do Sul e a África foram responsáveis por
8 por cento das exportações chinesas de aço no ano
passado e os embarques para alguns países destes
continentes dispararam este ano.
Exportações para a Nigéria, maior economia da
África e maior compradora de aço da China, subiram
15 por cento no primeiro trimestre, e os embarques
para a Argélia, quarta maior economia do
continente, quase triplicaram.
Na América do Sul, as exportações de aço da China
para o Brasil subiram 40 por cento e cresceram
quase 10 vezes para a Bolívia, segundo dados da
empresa de acompanhamento MEPS.
Em relação à Ásia, há menos países na América do
Sul e na África com tarifas antidumping e medidas
de salvaguarda contra produtos siderúrgicos
chineses, incluindo Brasil, Colômbia, Chile e
África do Sul, segundo dados da Organização
Mundial de Comércio.
Em janeiro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex)
do Brasil decidiu não aplicar imediatamente
medidas antidumping, como sobretaxas contra a
importação de aços laminados a quente de quatro
grandes grupos siderúrgicos da China e um da
Rússia.
Em maio, a Camex também decidiu não aplicar de
imediato medidas compensatórias sobre importações
de aços planos da China.
As exportações de aço da China caíram de um
recorde de 112,4 milhões de toneladas em 2015 para
75,4 milhões de toneladas no ano passado, em parte
apoiadas em medidas do país para aumento da
demanda interna.
Apesar disso, a Associação de Ferro e Aço da China
(Cisa) afirma que o impacto da disputa comercial
entre EUA e China sobre as exportações
siderúrgicas chinesas “não deve ser subestimado”.
“Se as exportações caírem de novo este ano, então
os produtos siderúrgicos vão fluir para o mercado
doméstico e isso vai piorar a situação em nosso
próprio mercado”, disse a Cisa no mês passado.
As exportações diretas de aço da China para os EUA
somam menos de 1 por cento do total, mas
Washington está tornando o aço chinês mais custoso
nos EUA por meio das tarifas impostas contra o
Vietnã. Para evitar isso, a maior parte das
companhias siderúrgicas vietnamitas, que compram
principalmente laminados a quente (HRC) da China,
vão parar de importar o produto chinês, disse o
vice-presidente da Associação de Aço do Vietnã,
Chu Duc Khai.
O Vietnã exportou 4,7 milhões de toneladas de aço
no ano passado e quase 60 por cento desse volume
foi para o sudeste asiático e 11 por cento para os
EUA.
A crescente capacidade de produção de aço no
sudeste da Ásia, incluindo Vietnã, Indonésia e
Malásia, vai acabar reduzindo a demanda por
importações, disse o analista Alex Zhirui Ji, da
CRU.
“Muitos amigos meus passaram a fazer negócios com
países africanos uma vez que têm maior potencial e
demanda maior”, disse um operador e exportador de
aço baseado em Tangshan, maior cidade produtora de
aço da China.
“Eu sinto que os negócios na Ásia estão ficando
mais difíceis, então eu também estou buscando por
novos mercados. Provavelmente vou me juntar aos
meus amigos que estão indo para a África.”
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